ATA DA NONA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁ­RIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.05.1992.

 


Aos cinco dias do mês de maio de ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Fi­lho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nona Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legisla­tura. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Mordko Meyer, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo nº 155/90, (Processo nº 2260/90), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presen­tes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhores Mordko Meyer, Presidente da Associação Israelita do Rio Grande do Sul e Homenageado, e Rosa Meyer, esposa do Homenageado; Aron Meyer, pai do Homenageado; Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Firmino de Sá Cardoso, Jornalista, Representante da Associação Riograndense de Imprensa; Moach Gansburg, Senhor Rabino, e o Vereador Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”. Como extensão da Mesa: Senhores Samuel Meyer, Presidente do Conselho da Federaçãao Israelita do Rio Grande do Sul; Israel Lap­chik, Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Jaime Saltz, Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul; Doutor Guedale Saltovich; David Iasnogrowski; Henri­que Enkin e Itaboraí Barcelos. Em continuidade o Senhor Presi­dente reportou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Dib em nome da Bancada do PDS, teceu comentários sobre a vida pregressa do Homenageado, lembrando a trajetória profissional do mesmo para a população desta Cidade. O Vereador Isaac Ainhorn, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PT, PMDB, PTB, PPS, PV e PL, reportou-se a acontecimentos marcantes na vida do Ho­menageado, como médico. Disse ser merecedor desta honraria. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou os presentes para assistirem, de pé, a entrega do Diploma ao Homenageado pelo Senhor Samuel Burd, bem como da medalha pelo Vereador Isaac Ainhorn. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Mordko Meyer , que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezesse­te horas e cinquenta e um minutos, convocando os Senhores Ve­readores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fos­se lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e lº Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Dou por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Mordko Meyer, tendo como proponente o Ver. Isaac Ainhorn, e tal requerimento, aprovado por unanimidade.

Gostaria, antes de passar a palavra aos Vereadores que irão homenagear o nosso novo Cidadão de Porto Alegre, dizer que, a mim, particularmente, pelas circunstâncias de estar Presidindo a Câmara e esta Sessão, o reencontro com o Dr. Mordko é uma questão de vivência da Cidade. Na época em que nos conhecemos, ele recém formado em Medicina e eu trabalhando num setor paralelo à Medicina, eu trabalhava pasta de laboratório de produtos farmacêuticos para visitar os médicos da nossa Cidade. E dentre eles já se firmava, na ocasião, como especialista na área de tratamento de asma, de bronquite asmática e de alergia, o Dr. Mordko, cuja clínica ainda existe no mesmo local, próximo ao Pronto Socorro, e, posteriormente, ainda tivemos outros contatos, já eu como radialista. O Dr. Mordko me perguntou se eu tinha uma gravadora. Eu disse que sim, só que não era uma gravadora, eu tinha uma gravadora, propriamente dita, a primeira gravadora de mão que surgiu em Porto Alegre, que me foi entregue pelo saudoso Maurício Sirotski Sobrinho, então meu patrão na Rádio Gaúcha, que me deu na época, como repórter, o nome, nos meios de imprensa, "o homem da gravadora". E, ali, eu registrava coisas maravilhosas que, infelizmente, não tive o cuidado de gravar, e quem sabe poderíamos reproduzir a entrevista feita com o Dr. Mordko, há mais de 30 anos, a respeito de problemas de alergia. Portanto, Dr. Mordko, é uma alegria pessoal de revê-lo, especialmente rever o seu estado fantástico de saúde, e seu pai, com 90 anos, com essa lucidez, com essa alegria que nos traz aqui na Mesa, e saudar a todos companheiros e companheiras presentes, aos colegas mágicos, e esta Sessão vai ser meio mágica também, o Dr. Mordko é um homem de várias faces, e cada uma delas mais brilhante, a colônia israelita aqui presente, a qual me ligo por laços de carinho e de admiração mútua em toda a minha atividade política e profissional, às senhoras e senhores o meu abraço e a minha alegria e a minha satisfação de presidir uma Sessão extremamente agradável, e cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn pela lembrança que teve de proporcionar à Casa Legislativa de Porto Alegre de conceder este Título, sem sombra de dúvida, extremamente merecido.

Quero registrar a presença do Rabino Moach Gansburg, a quem agradecemos pelo prestígio a nossa Casa, e convidamo-lo para fazer parte da Mesa. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib, pelo PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente da Câmara Municipal, Dr. Aron Meyer, pai do homenageado, meu caro amigo Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Jornalista Firmino de Sá Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa, meu caro Rabino Moach Gansburg, amigos do nosso querido homenageado, do dia de hoje, Mordko Meyer, sua querida esposa Drª Rosa, Srs. Vereadores. São estranhos os caminhos e descaminhos das nossas vidas. Há 47 anos atrás, cheguei em Porto Alegre para ser colega de um jovem que 9 anos depois se tornaria um médico. Médico de uma turma de 50 alunos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, que a maioria dos profissionais que saíram daquela turma também são médicos. E, por certo o homenageado de hoje àquela época chamava-se Mordko Meyer é um dos que mais se destacou pelo seu trabalho, pela sua competência, pela sua dedicação, e pelo carinho que tomou com todas as coisas que tem feito ao longo de uma vida, extremamente, proveitosa.

É certo também que além de médico ele faz mágicas, e até a grande mágica de ser querido bem por todos; é certo também que um dia ele foi radialista, fazendo a hora Iídiche; é certo também que ele faz correspondência com jornais e revistas, mas na verdade, aquele que resolveu trocar o nome de Marcos para Mordko é realmente um médico, todo ele voltado para a sua medicina e são estranhos os caminhos e os descaminhos desta vida eu disse ao iniciar as minhas palavras, mas lá pelas tantas longe um do outro, mas nunca esquecendo um do outro, eu estava sendo atendido no Pronto Socorro também por ele que com igual carinho que dispensava aos demais é claro que multiplicava para o seu colega de turma do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Mas também os caminhos nos levaram a sermos colegas de Prefeitura em campos diferentes em engenharia e medicina, mas sempre somando esforços e sempre olhando para ele como exemplo de pessoa que se dedicava a tudo aquilo que fazia. E estes caminhos e descaminhos me trazem hoje à Tribuna da Câmara Municipal para dizer ao meu amigo de infância que eu tenho orgulho de saudá-lo em nome de meu Partido, o PDS, por tudo aquilo que fez mas também para dizer que o grande perigo da atualidade é o cansaço dos bons e este título que está sendo outorgado a um jovem que veio lá da Polônia para ser Cidadão de Porto Alegre, a grande cidade, no meu entendimento e pra todos nós, a maior do mundo. Este título de Cidadão de Porto Alegre que está sendo dado ao meu Colega de infância é para dizer a ele que nós não esperamos, nós exigimos muito mais trabalho por esta Cidade e temos certeza de que isto vai acontecer.

Portanto, estamos profundamente alegres com o novo Cidadão de Porto Alegre porque ele vinha dando sua alma, seu trabalho, todo seu esforço a esta Cidade que hoje reconhece isto. Mas nós temos certeza de que este título lhe dará muito mais força ainda para realizar melhor o bem comum de todos nós. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará em nome de seu Partido Político o Ver. Isaac Ainhorn, o PDT, também falará pelo PT, PMDB, PTB, PPS, PV e do PL.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Como os Senhores podem ver pelo número expressivo de Bancadas me delegaram esta honrosa incumbência em falar em nome destas Bancadas que o Presidente Dilamar Machado, neste momento, acaba de referir.

Exmo. Sr. Presidente Dilamar Machado;

Meu caro amigo homenageado Dr. Mordko Meyer e sua esposa Rosinha Meyer; pai do homenageado, Aron Meyer; Presidente da Federação Israelita Samuel Meyer; representante da ARI - Associação Riograndense de Imprensa Jorn. Firmino de Sá Cardoso; meu caro amigo rabino Moach Gansburg; ex-Dep. Federal Enrique Enkin, que abrilhanta esta sessão nesta tarde; Sr. Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul Jaime Saltz; meu caro David Iasnogrowski, diretor da Ordem; meu caro Israel Lapchik, Presidente do Conselho da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, meu caro Dr. Jaime Saltz, Presidente da Organização Sionista Dr. Guedale Saltovich:

Neste momento é extrema honra falar em nome da Bancada já referida, em nome dos meus companheiros de Partido, especialmente do Presidente da Casa Ver. Dilamar Machado, do Ver. Ervino Besson, do Ver. Artur Zanella e do Ver. Omar Ferri, que aqui também se faz presente, meus companheiros do PDT, companheiros de Bancada que vieram render esta homenagem ao mais novo Cidadão de Porto Alegre.

Acho que por todas as razões, por todos os referenciais o Dr. Mordko é um homem que era merecedor desta honraria. A cidade de Porto Alegre, meu caro Dr. Mordko Meyer, tinha esta obrigação, este reconhecimento do resgate em relação a uma figura que, no curso dos anos da sua existência, tendo elegido a Cidade de Porto Alegre a cidade que seus pais quando aqui vieram elegeram e escolheram a cidade de Porto Alegre para viver, para constituir família, para criar seus filhos e seus netos. Mas como referiu aqui o Ver. João Dib, o nosso homenageado que recebeu a distinção por uma decisão unânime desta Casa, ele por todas as razões ele, evidentemente, nós temos a convicção e a certeza de que ele ainda tem muito a fazer pela cidade de Porto Alegre, pelo Estado do Rio Grande do Sul. Quer na sua ação como profissional liberal no exercício da medicina, quer na sua ação como homem de lazer, de recreação, aliando a sua condição de médico também com algo que é extremamente importante e que hoje aqui estão presentes os seus companheiros de sociedade dos mágicos. É sabido que o Dr. Mordko Meyer é mágico, até há pouco tempo o Ver. Artur Zanella me lembrava um episódio extremamente interessante que aconteceu com o Dr. Mordko Meyer, quando ele foi escolhido em meio a uma crise no Hospital de Pronto Socorro, em meio a uma greve para ser o novo Diretor do Hospital de Pronto Socorro, o sub-título da notícia que estampavam os jornais: "em meio a uma crise só um mágico para resolver os problemas do Hospital de Pronto Socorro." Foi assim que o Dr. Mordko Meyer chegou em meio a uma crise enfrentando problema de uma instituição que diga-se de passagem e que é importante ressaltar, porque esse é um dos elementos fundamentais que fez com que crescesse o seu trabalho. Acredito, sinceramente, na sua grande contribuição à cidade de Porto Alegre, e se não fosse por outras razões, certamente pelo seu trabalho como médico, na cidade de Porto Alegre, salvando vidas humanas, ele, por essa razão já seria merecedor desta honraria, desse título de cidadão de Porto Alegre que, hoje, solenemente, a Câmara de Vereadores lhe outorga. A história e a vida até aqui do Dr. Mordko Meyer, hoje aposentado do HPS. A história do HPS se confunde com a história do Dr. Mordko Meyer que com um ano de formado - e então com 5 ou 6 anos o HPS - passava a integrar, em meados da década de 50, o corpo de médicos daquele Hospital que honra as tradições médicas do nosso Estado. A história do Dr. Mordko, como eu disse, se confunde com a própria história do Hospital de Pronto Socorro. Entrando lá ele enfrentou um gravíssimo problema de ordem médica quando uma família inteira - Família Seguézio - foi vitimada por uma intoxicação. Naquela oportunidade foi o jovem Dr. Mordko Meyer - e isso é um motivo de orgulho para a sociedade, para a comunidade judaica que tem orgulho dessa sua ação profissional, dessa sua ação comunitária - quem detectou o mal que atingia e infelicitava aquela família: o botulismo. Tendo identificado com rapidez, conseguiu em torno de 24 horas salvar uma parte daquela família. Isso, por si só, define o perfil médico desta figura extraordinária. E nós que temos um convívio quase diário com o Dr. Mordko, que o conhecemos, sobretudo, como médico humanista, sabemos que mantém abertas as portas do seu consultório para qualquer pessoa, aqui em Porto Alegre, na praia, onde quer que ele esteja. Ele sempre tem uma atenção especial para com seus pacientes, seja remunerado ou não! Jamais verifiquei, em oportunidade alguma, qualquer recusa de atendimento, já que é comum pessoas o procurarem na sua Casa. Muitas vezes ele tem feito uma ação de caridade, de solidariedade humana, como médico altamente qualificado e competente que é, na área de alergia e doenças asmáticas. É um profundo pesquisador, um homem que tem conhecimentos profundos nessa área médica, e ele escolheu Porto Alegre. A opção da sua cidadania, assim como muitos, hoje seu pai com mais de 90 anos que aqui se encontra na Mesa, escolheu a América e para cá veio, vítima, apavorado com o terror nazista que se instalava na Alemanha e no conjunto da Europa Oriental.

E digo uma coisa ao pai do Sr. Mordko, ao Sr. Aron. Aquela cidadania que o nazismo retirou dos judeus na Polônia, na Alemanha, hoje a cidade de Porto Alegre está devolvendo em reconhecimento à família Meyer, especialmente neste momento, ao título que ora é concedido ao Dr. Mordko. Por tudo isto, minhas Senhoras e meus Senhores, nós achamos, por todas estas razões, que o Dr. Mordko é merecedor dessa honraria, porque a pré-qualificação necessária para outorga desse título de Cidadão de Porto Alegre, é exatamente a prestação de relevantes serviços. E, se o Dr. Mordko Meyer já era de fato Cidadão de Porto Alegre, hoje ele já o é de direito. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, neste momento nós vamos proceder ao ato solene e formal da entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Mordko Meyer.

Convidaria, para tanto, o proponente da Sessão, Dr. Isaac Ainhorn, para que fizesse a entrega da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao nosso homenageado. E numa homenagem da Presidência à Colônia Israelita do Rio Grande do Sul, convidaria para que o Título, o Diploma de Cidadão de Porto Alegre fosse entregue ao Dr. Mordko pelo Presidente da Federação Israelita Dr. Samuel Burd, convidamos a todos para, de pé assistir a este momento da Sessão.

 

(É feita a entrega do Título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Temos a honra, neste momento de conceder a  palavra ao nosso homenageado de hoje, novo Cidadão de Porto Alegre, Dr. Mordko Meyer.

 

O SR. MORDKO MEYER: Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. Dilamar Machado, Srs. Vereadores, Autoridades civis, militares e religiosas aqui presentes ou representados, minhas Senhoras, meus Senhores e amigos.

Há muitos anos atrás a cidade de Porto Alegre enfrentava um grave problema, as autoridades sanitárias de Porto Alegre enfrentavam um gravíssimo problema, que era a tuberculose. Naquele tempo a tuberculose não era como hoje, hoje nós sabemos que é uma doença curável, que, iniciado o tratamento, deixa de ser contagiosa, a pessoa portadora de tuberculose hoje pode trabalhar, pode conviver com a sua família. Mas, naquela época, não era assim. Temia-se a tuberculose por que ela era altamente contagiosa. Então, as autoridades sanitárias de Porto Alegre resolveram edificar um hospital, um sanatório, para onde seriam recolhidos estes enfermos. Foi então construído, em Belém Velho, o Sanatório Belém. Quando concluída a obra, precisou-se inaugurar o hospital, ficou resolvido que somente duas pessoas, naquela oportunidade, seriam os oradores: o Prof. Sarmento Leite, na época Diretor da Faculdade de Medicina de Porto Alegre e o Bispo Metropolitano de Porto Alegre, Dom. João Becker. Quando chegou o momento da inauguração foi dada, inicialmente a palavra ao Bispo de Porto Alegre. Dom. João Becker iniciou a sua oração tecendo comentários sobre a profilaxia da tuberculose, como evitar a doença. Falou sobre o bacilo de Koch, o causador da doença, falou sobre o tratamento da doença, enfim, na ocasião, o Bispo de Porto Alegre deu uma verdadeira aula de medicina. Em seguida, foi dada a palavra ao Prof. Sarmento Leite, Diretor da Faculdade de Medicina, homem de uma extraordinária inteligência, e ele sim se referiu aos presentes: "Minhas senhoras e meus senhores. Depois desta brilhante lição de medicina de S. Reverendíssima, o Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, nada mais me resta dizer senão abençoar os presentes e pedir a todos que tragam saúde e ventura para os que aqui vão ficar. Minhas Senhoras e meus Senhores. Depois destas palavras que ouvi do meu colega de infância, o nobre Ver. João Dib, depois das palavras do nobre Ver. Isaac Ainhorn, e depois da propaganda que me fez o nobre Presidente desta Casa, como médico, eu me permito plagiar o Prof. Sarmento Leite e falar não sobre o meu trabalho, mas sobre a Cidade de Porto Alegre, esta Cidade onde eu vim parar pequeninho e que eu adotei. A Cidade que me acolheu, me salvando de ser assassinado pela besta nazista, como foi feito com meus avós e tios lá na Polônia. Porto Alegre, a Cidade Sorriso, onde cursei os primeiros bancos escolares. Porto Alegre, esta Cidade, onde, graças à orientação segura e o incentivo de meus pais, eu consegui fazer a minha formação e me diplomar em medicina, nesta mesma faculdade onde foi uma vez Diretor o referido Prof. Sarmento Leite. Esta Cidade onde encontrei uma porto-alegrense e com quem tive a felicidade de contrair matrimônio. Porto Alegre onde vi nascer meus quatro filhos, e onde pudemos educá-los e levá-los à situação em que hoje se encontram, estes filhos que nos deram o prazer de hoje poder conviver com 3 netos, um dos quais está, aqui, presente, agora. Porto Alegre, a cidade onde pude fazer tantos amigos; amigos no Hospital de Pronto Socorro; amigos da Prefeitura Municipal, amigos da Secretaria Municipal da Saúde, da Polícia Militar, da Academia de Polícia Militar, da Associação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul, do Clube dos Mágicos, da cinematografia e da coletividade israelita de Porto Alegre. São amigos que aqui estão presentes e que me deixam emocionado, vendo hoje testemunhar este ato, recebendo o diploma de Cidadão de Porto Alegre.

Há, minhas senhoras e meus senhores, duas fontes perenes de alegria pura: o bem realizado e o dever cumprido. Eu espero ter cumprido com o dever, com essas atividades que foram ditas aqui pelos meus nobres Vereadores. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus amigos, nos 65 anos de minha existência, sempre me considerei, como disse o Isaac Ainhorn, um cidadão porto-alegrense de fato. Hoje, graças à bondade e generosidade dos senhores Vereadores, e sobretudo do nobre Ver. Isaac Ainhorn, que indicou meu nome para este título, eu me considero com muito orgulho um cidadão de direito de Porto Alegre. Dito isto, antes de terminar, quero dizer aos senhores um refrão popular, de autor desconhecido, e que sempre tenho como norma para as minhas atividades: crescer para ser e não para ter. Não para ter força e majestade, mas para ser grande na amizade. Crescer para poder e não para ter, não para ter orgulho do poder, mas para poder se orgulhar de fazer.

Dito isto, eu quero finalizar as minhas palavras para expressar do fundo do meu coração a gratidão que não é dita apenas por palavras, mas que vem do fundo da alma, por este título que me está sendo concedido neste momento pela Câmara Municipal e pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Srs. Vereadores, obrigado, muito obrigado, obrigado mesmo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e senhores, antes de encerrar os trabalhos desta Sessão, gostaria de mais uma vez agradecer, em nome da Câmara Municipal, a presença entre nós de tão ilustres personalidades, pessoas amigas, especialmente, os que compõem a Mesa; Rabino Norr; Dr. Samuel; Dra. Rosa; Dr. Mordko, nosso homenageado; seu pai, Dr. Aron; Jornalista Firmino. E registrar, também, com alegria, a presença do ex-deputado Federal Henrique Henkim, figura proeminente da nossa Colônia Israelita; Dr. Itaboraí Barcelos, integrante da Corte Militar do Rio Grande do Sul; de tantas pessoas gratas ao homenageado; de todos nós. E dizer que após o encerramento da Sessão, aqui, junto à Mesa da Presidência, os Senhores podem, em fila, cumprimentar o amigo e hoje novo Cidadão de Porto Alegre, Dr. Mordko Meyer.

Porto Alegre, hoje, cresce um pouco mais, principalmente, no aspecto humano, ao receber mais um filho ilustre a quem homenageamos em nome da Cidade e do Legislativo.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h51min.)

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